O esquecimento é a maior defeito da alma humana. Lembrar e ser lembrado é o destino do homem. A única certeza entre as ilusões da vida é a do que restou da efêmera jornada. Mais que um punhado de ossos, ou uma lápide. Nem é preciso fazer um filho, plantar uma árvore ou escrever um livro. Chegar ao mundo, entre sangue e gritos, e depois desaparecer entre gemidos, deve bastar para que não se apague o nome do homem no esquecimento. Se fizer filho, muito bem, criou links com a eternidade. Pagou o tributo genético. Irá adiante na memória do DNA de seus descendentes. Se plantou árvore, deixou o gesto vegetal que, deitará flores, frutificará para além do “agregado infeliz de sangue e cal”, de Augusto dos Anjos. Se escreveu livros, um só que seja, já não pode morrer. Acrescentou ao vocabulário humano sua palavra. Não nos esquecemos desses varões. Homens honrados, dedicados aos serviços da pátria, comparáveis aos gregos e romanos biografados por Plutarco, em Vidas Paralelas. No dia 17 de abril estaria completando cem anos um desses varões goianos. Recordo a presença austera, branda e inteligente de um dos fundadores do IHGG, Augusto da Paixão Fleury Curado. Sobre ele os adjetivos não são rasgação de seda. Nasceu em Vila Boa. Era filho do grande político e intelectual, fundador da Faculdade de Direito de Goiás, Sebastião Fleury Curado e da memorialista Augusta Faro Fleury Curado. Formou-se em Direito pela Faculdade do Largo de São Francisco. Nos passos serenos de sua vida augusta foi advogado, conferencista, pesquisador, professor. Procurador da Fazenda Nacional. Pioneiro de Goiânia e Brasília. Lecionou nas Universidades Católica e Federal de Goiás, as disciplinas: Direito Internacional, Sociologia e Filosofia. Ajudou a fundar a Associação Goiana de Imprensa – AGI, em 1934. Ocupou a cadeira número quatro do Instituto. Foi casado com Ivany Craveiro, com quem teve os filhos: a escritora Augusta faro, membro do IHGG, AGL, AGI, ex-presidente da AFLAG, incansável defensora da lembrança goiana; Antônio de Pádua Fleury, advogado, também graduado na Faculdade do Largo do São Francisco; José Augusto Fleury Curado, médico; Maria das Graças Fleury Curado, educadora, doutora em psicologia da educação e ativista cultural; Maria Aparecida Fleury Curado Perini, procuradora do INSS; e Francisca Pinheiro Gonzaga, professora. A sessão de recordação de seu centenário de nascimento, organizada apelo IHGG foi um momento de goianidade com palestra do professor, historiador Bento Alves de Araújo Fleury Curado. Um sarau comandado por Marcelo Barra. O depoimento pessoal da historiadora Salma Saddi, superintendente Regional do IPHAN e os comovidos agradecimentos da filha Augusta Faro e do neto André. Foi um momento de afirmação da vida. De exaltação de uma pessoa que fez o seu trabalho. Construiu e exercitou virtudes que estão fora de moda. Honra, humildade, altruísmo, sobretudo o respeito à sacralidade da coisa pública. Augusto da Paixão Fleury Curado merece bem a designação de varão ilustre. É digno de ser lembrado.
Augusta lembrança
O esquecimento é a maior defeito da alma humana. Lembrar e ser lembrado é o destino do homem. A única certeza entre as ilusões da vida é a do que restou da efêmera jornada. Mais que um punhado de ossos, ou uma lápide. Nem é preciso fazer um filho, plantar uma árvore ou escrever […]
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