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    Clube do Livro

    Prêmio APCA: Cida Pedrosa e o voo das araras vermelhas do Araguaia

    Por Osvaldo Bertolino

    Um poema contra qualquer regime ditatorial. Com essas palavras, Cida Pedrosa definiu seu livro Araras vermelhas, publicado pela Companhia das Letras, com o qual ganhou o conceituado Prêmio Associação Paulista de Críticos de Artes (APCA) na categoria literatura-poesia, entregue na noite de 17 de julho de 2023 numa cerimônia realizada no Teatro Sérgio Cardoso, em São Paulo. O jornalista Osvaldo Bertolino representou a Fundação Maurício Grabois no evento.

    O ator Osmar Prado, Cida Pedrosa e Osvaldo Bertolino

    O livro é um longo poema que conta a história dos guerrilheiros e guerrilheiras do Araguaia, assassinados pelo regime ditatorial de 1964, detalhou. Emocionada, citou suas origens em Bodocó, Pernambuco, seus pais e o Partido Comunista do Brasil (PCdoB) – do qual é filiada e vereadora em Recife – como inspiração para a sua arte. Além de poeta e vereadora, Cida Pedrosa é advogada – popular, faz questão de ressaltar –, ex-secretária da Mulher e do Meio Ambiente do Recife e vencedora do Prêmio Jabuti com Solo para vialejo, outro de seus livros.

    O prêmio de Cida Pedrosa premia a arte e o compromisso com os princípios da justiça, dos direitos humanos. Sua vida entregue às causas do povo desde os primeiros escritos no início dos anos 1980, passando pelos cursos de Direito e Ciências Políticas, deu-lhe consciência política e múltipla militância social, entre elas à dedicação às letras. Suas obras são um manifesto humanista, escrito com a perícia de uma artesã das palavras.

    O livro Araras vermelhas traz essa síntese, agora enriquecido com o Prêmio APCA. Tem ainda o mérito de revolver um episódio marcante da história do povo brasileiro, a Guerrilha do Araguaia, organizada pelo PCdoB no combate à ditadura militar, apontando as causas e os responsáveis pelas tempestades do mundo. Cida Pedrosa proclamou essa missão ao declarar no palco do Teatro Sérgio Cardoso que o livro foi escrito em 2022, sob a égide de um governo autoritário e golpista, referindo-se ao obscurantismo bolsonarista.

    Assim como Cida Pedrosa, muitos artistas registraram o repúdio ao período do bolsonarismo, manifestando alívio por sua derrota nas eleições de 2022. Um alerta, na verdade, sobre a luta histórica contra a barbárie. “A cultura salva. A cultura transforma”, resumiu Cida Pedrosa, constatação que remete a Maurício Grabois que, ao denunciar, em 1947, ameaças ao também deputado e pernambucano Gregório Bezerra pelo chefe de polícia política de Pernambuco, Alarico Bezerra, comparou-o ao chefe nazista Hermann Göring, que dizia: “Quando ouço falar em cultura, ponho a mão no revólver.”     

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