Canto o possível e o impossível para inaugurar felicidades nos olhos de quem felicidade faz gosto e necessita. Mas a vida, asa de abelha, é difícil, fugidia. Como prender num momento todo o século que migra para o sem-tempo do mundo? Como garantir a muitos a boa vontade dos signos atados do poema?

      Cantor inútil, teimo em semear o futuro. Pra quê, meus deuses e minhas ninfas? Com que autoridade podemos despertar iras ou aplacar fúrias? A miséria é muita e, a alma, pouca. Resta-nos essa música terrena que, se não nos redime, consola-nos, e nos faz mais próximos do sal e da vida.