Quando a ausência é muita, sempre há quem reclame. Fagundes esteve fora mais de um mês e a moçada andou chiando tanto, que ele resolveu voltar. Tomou o primeiro trem daquele dia, fez uma viagem modorrenta, cansativa, na qual não sabia como dormir. Ao seu lado, um tio gordo ressonava sempre. Mais atrás, uma criança não cansava de chorar. E tinha certeza de que a velha da outra fileira era uma flatulenta de marca maior: dava a impressão de que tinha comido um urubu, a condenada.

      Todavia, Fagundes chegou. Resolveu se apresentar hoje mesmo, sem falta, no A Capa Escarlate e desmentir todas as notícias que o declaravam fora de combate. É certo que não voltou em sua melhor forma – que a vida é assim, a gente acaba pegando sempre no tranco e, quando engata, vai que vai. Por isso, veio tranqüilo, sentou-se à mesa, chamou a primeira rodada e prometeu só se levantar com o sol inteiro no horizonte.

      Aos que não compareceram ao bota dentro, Fagundes manda um recado: daqui pro fim do ano, muita água vai rolar e muita coisa vai acontecer. Só não vale esperar.