Mil novecentos e oitenta e um. Um alvoroço. A anistia fora conquistada dois anos antes e, embora a ditadura militar ainda vigorasse, o cheiro forte de liberdade já se irrompia.

Ruas e praças eram retomadas, no “peito e na marra” por operários e estudantes. Articulações e reuniões se multiplicavam. Era preciso forjar uma frente oposicionista que liderasse a “ofensiva final” contra a ditadura. A militância se desdobrava para reorganizar os movimentos e entidades do povo e dos trabalhadores que o arbítrio ceifara… Havia uma gestação de novos partidos políticos e o PCdoB, naquela data, semiclandestino, logo ganharia os auditórios e as praças bradando pela sua legalidade.
Com o declínio do obscurantismo ditatorial, entrava, também, em ebulição a vida intelectual do país, florescia o debate de idéias. Eram muitas as divergências sobre os caminhos…

João Amazonas, ex-deputado constituinte de 1946, um dos líderes mais destacados do Partido Comunista do Brasil, estava no olho desse redemoinho. No meio dessa grande azáfama quando já eram tantas as tarefas, ele diz a seus companheiros: a jornada do movimento revolucionário é de longo curso, precisamos de uma revista que à luz do marxismo perscrute os dilemas da luta presente, investigue a realidade brasileira e internacional e fundamente o futuro de nosso movimento.

Assim, sob essas circunstâncias e com esses propósitos, em 1981, nasce a revista Princípios. Hoje, com esta edição de número 84, comemoramos 25 anos de sua circulação ininterrupta. Essa longevidade e vitalidade de Princípios vêm de sua fidelidade àqueles propósitos que a fizeram nascer.
Percorrer as seis mil páginas de sua coleção é fazer uma viagem ao itinerário da elaboração teórica e política de uma destacada corrente do movimento marxista brasileiro. Sua evolução registra os aportes analíticos e teóricos que ofereceu ao movimento operário e transformador; seu diálogo, afinidades e polêmicas com outros segmentos do pensamento progressista; os dilemas, limitações e crises por que passou; seu combate contínuo ao ideário conservador.

A revista, nos dia de hoje, segue sua tradição de de soluções para os dilemas e desafios pulsantes que emergem da luta política concreta. Nos últimos quatro anos, contando com a colaboração de intelectuais e lideranças políticas do campo marxista e progressista, participa da elaboração das bases de um novo projeto nacional de desenvolvimento – questão imprescindível à superação do neoliberalismo.

Ante a política de dominação e ação guerreira do imperialismo contra os povos e países, suas páginas têm publicado libelos em defesa da paz e dos direitos dos países ao desenvolvimento e à soberania. Princípios se dedica, com especial interesse, a desvendar e divulgar a nova luta pelo socialismo que brota dos paradoxos do capitalismo contemporâneo e da consciência e luta dos povos. Os artigos, entrevistas, resenhas, estudos, pesquisas que publica se vinculam ao seu objetivo de enriquecer e desenvolver o marxismo – isto, derivado, da concepção de que “sem teoria revolucionária não há movimento revolucionário”.

Princípios 25 anos, uma conquista da corrente marxista e progressista do nosso país! Nossos agradecimentos a todos os que contribuíram para esse feito e que nos incentivam a seguir adiante!

25 anos em defesa do Brasil e do socialismo

A revista Princípios começou a circular nos primeiros raios da redemocratização, em março de 1981, e agora, em 2006, completa seus 25 anos – um marco na imprensa marxista e progressista em nosso país. Neste percurso Princípios agregou lideranças políticas, intelectuais, escritores, cientistas e artistas importantes para defender e desenvolver o marxismo. Destacou-se também pelo esforço de interpretação da realidade brasileira e pela defesa da soberania nacional.

Dentre seus notáveis colaboradores, já apareceram: João Amazonas, Oscar Niemeyer, Aziz Ab’Saber, José Saramago, Celso Furtado, Luiz Inácio Lula da Silva, Paula Beiguelman, Luiz Gonzaga Belluzzo, Ariano Suassuna, Renato Rabelo, Domenico Losurdo, Samir Amin, Aldo Rebelo, Luis Fernandes, Ana Rocha, Haroldo Lima, José Reinaldo Carvalho, Jô Moraes, José Carlos Ruy, João Quartim de Moraes, Atílio Boron, Marta Harnecker, Samuel Pinheiro Guimarães…

Nos anos 1980 disseminou a necessidade de se forjar a unidade das forças democráticas, patrióticas e populares ante a encruzilhada em que o país se encontrava.

No início dos anos 1990, diante da denominada crise do socialismo, enfrentou o vendaval antimarxista e participou ativamente da elaboração que reafirmou o socialismo em bases novas. Nesse período também contribuiu para desvendar do ponto de vista teórico e político o caráter nefasto do neoliberalismo, bem como os caminhos para sua superação.

Na atual quadra tem se empenhado para enriquecer o debate e a luta de idéias necessários à elaboração de um novo projeto nacional de desenvolvimento. Defende que tal projeto deva estar alicerçado na democracia, na soberania nacional e na integração latino-americana e, também, deva proporcionar ao país progresso e vida digna a nosso povo – com distribuição de renda e valorização do trabalho.

A cultura, a arte e a literatura também têm comparecido nas páginas de Princípios. O movimento transformador e o pensamento progressista, sobretudo agora quando as contradições e os paradoxos do capitalismo trazem novamente a barbárie à cena da história, precisam mais do que nunca valorizar o papel da cultura e da arte na jornada libertária dos trabalhadores e da humanidade.

A temática ecológica e a concepção de um projeto de desenvolvimento que harmoniza o crescimento econômico com a preservação ambiental em contraposição à lógica capitalista do lucro máximo que destrói o meio ambiente fazem parte do enfoque de Princípios.

Com o prestígio e a legitimidade conquistados por Princípios ao longo destes 25 anos, ela aumenta seu esforço para oferecer aos seus leitores uma revista cada vez mais à altura dos desafios teóricos e políticos de nosso tempo. Além disso, redobraremos nossos esforços para que Princípios amplie progressivamente sua circulação, número de leitores e assinantes. O jubileu de prata, motivo de orgulho e alegria do pensamento marxista e progressista, é uma conquista do conjunto do movimento patriótico, democrático e revolucionário de nosso país. Homenageamos a todos os que contribuíram para este feito, celebrando a memória de seu fundador, João Amazonas.