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    Comunicação

    O Albatroz

    Às vezes, em receio, os homens da equipagem pegam um albatroz, enorme ave marinha que segue, companheiro indolente de viagem, o navio que sobre o agro abismo caminha. Mal no convés se vê, todo desconjuntado, logo esse rei do azul, em passos desiguais, como dois remos, põe-se a arrastar a seu lado, desajeitadamente, as asas […]

    POR: Charles Baudelaire

    Às vezes, em receio, os homens da equipagem
    pegam um albatroz, enorme ave marinha
    que segue, companheiro indolente de viagem,
    o navio que sobre o agro abismo caminha.

    Mal no convés se vê, todo desconjuntado,
    logo esse rei do azul, em passos desiguais,
    como dois remos, põe-se a arrastar a seu lado,
    desajeitadamente, as asas colossais.

    Esse alado viajor, como é grotesco andando!
    Inerme, o que antes no alto era a esbelteza brava!
    Um chega-lhe o cachimbo ao bico, e outro, coxeando,
    arremeda no andar o pobre que voava!

    O poeta é o albatroz que nas nuvens se espraia,
    que afronta a tempestade e ri das setas no mar;
    exilado no solo, em meio ao riso e à vaia,
    suas asas de gigante impedem-no de andar.

     

    Onestaldo de Pennafort – Poesia
    Tradução de Onestaldo de Pennafort
    Editora Record – edição 1987.

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