Em todos os países do estudo, o desemprego juvenil aumentou fortemente, o que torna a situação «explosiva», alarma-se um dos autores do documento, que antevê um «cenário muito para além das previsões já muito pessimistas».

O especialista, Stefano Scarpetta, sublinha que quatro milhões de jovens engrossaram as fileiras do desemprego durante a crise, elevando este índice para 18,8 por cento em 2009, mais do dobro da taxa média de 8,6 por cento para o conjunto da população. Enquanto o desemprego geral aumentou 2,5 pontos percentuais, o juvenil agravou-se 5,9 pontos.

Para a camada etária entre os 15 e os 24 anos, as perspectivas são as mais sombrias: «Nos países da OCDE, durante os primeiros anos da presente década, as taxas de desemprego serão em todos os países superiores aos níveis anteriores à crise», devendo triplicar na Irlanda e duplicar em Espanha.

«Mesmo os países com melhor desempenho, como a Dinamarca e a Holanda, deverão registar em 2010 um aumento significativo desta taxa, que depois se estabilizará nos dois dígitos, entre os 10 e os 11 por cento», especifica o relatório, prevendo que nos países da OCDE este índice atingirá, este ano, os 20,5 por cento, podendo chegar aos 24 por cento no conjunto dos estados-membros da União Europeia.

Condenados à exclusão

Os grupos mais expostos ao desemprego são por definição aqueles que possuem um nível mais baixo de formação, que têm um vínculo precário, tarefeiros ou contratados a prazo. Nestes casos, o desemprego ou o «fracasso no mercado de trabalho», segundo a expressão da OCDE, «é frequentemente difícil de superar e pode expô-los a uma estigmatização de longa duração».

Como alerta de Scarpetta, esta massa de excluídos comporta um risco de explosão: «Vimos em crises precedentes, que quando os jovens, já em dificuldade, perdem ainda mais a esperança, são de recear comportamentos desviantes de elevado custo social e económico».

Mas a crise não afecta apenas os que têm poucas qualificações. Também os jovens diplomados enfrentam dificuldades crescentes em inserir-se no mercado de trabalho. Na falta de emprego, muitos prolongaram a sua formação ou recusaram funções abaixo das suas qualificações. Ora, constata a OCDE, «quando a retoma começar, os empregadores poderão ser tentados a admitir jovens recém-diplomados em vez daqueles que estão há muito no desemprego ou na inactividade», fenómeno que já foi observado no Japão no início do século depois de dez anos de crise.

O relatório indica que «entre 30 a 40 por cento dos que saírem da escola correm o risco de enfrentar dificuldades prolongadas no acesso a empregos estáveis». E para impedir que esta não seja uma «geração sacrificada», a OCDE fez algumas recomendações que o secretário-geral da organização, Angel Gurria, terá apresentado na reunião do G20 com os ministros do Trabalho, realizada na terça e quarta-feira, 20 e 21, em Washington.

Entre tais propostas, a OCDE defende a concessão de subsídios de desemprego ou de um rendimento aos jovens dispostos a frequentar programas de formação e a manter um contacto regular com os centros de emprego. Mas, como reconhece Scarpetta, seria preciso que a formação «desembocasse num emprego», já que «uma simples formação sem emprego directo pode acentuar o desencorajamento».

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Fonte: jornal Avante!