Vamos ver como esta questão se relaciona com o valor do preço do barril do petróleo a ser entregue pelo Estado à Petrobras. Haroldo Lima, diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP) em recente entrevista ao jornal Folha de S.Paulo (10/08/2010) expôs uma série de prós e contras a respeito do processo de capitalização da Petrobras com vistas à exploração do petróleo na camada do pré-sal. Por exemplo, um fator a se considerar neste processo, segundo Haroldo, é a de uma conjuntura internacional extremamente instável (problemas ambientais no Golfo do México e de ordem político-militar no Oriente Médio) e que potencializa a exploração no pré-sal. Fator que por si só pode explicar um valor futuro mais elevado do barril do petróleo do Estado a ser entregue à Petrobras. Outro fator é o lento processo de substituição do petróleo por fontes renováveis de energia ocorrendo pelo mundo.

Após essa exposição rápida acerca da complexidade do mundo em que vivemos, o diretor geral da ANP, sobre o processo de capitalização da Petrobras, concluiu o óbvio: trata-se de um momento em que o Brasil deve ficar mais dono da Petrobras. Porém, ao que tudo indica, a empresa contratada pela Petrobras para auferir o preço de cada um dos cinco bilhões de barris da União não levou em conta a circunstâncias conjunturais: cada barril foi avaliado em apenas de US$ 5 a US$ 6. Isso mesmo, esse foi o valor projetado na semana em que o barril do petróleo oscilou entre 75 e 77 dólares. Algo que não somente Haroldo Lima considerou próximo das raias do absurdo, mas também – e coberto de razão – o próprio presidente Lula. Claro que tanto Haroldo Lima quanto o presidente Lula sabem muito bem o que está em jogo nesta contenda que se transformou a tal capitalização da Petrobras. Este foi o motivo pelo qual as declarações do diretor geral da ANP levaram a um estado de grande excitação os arraiais do entreguismo na “grande mídia”. Para eles ser nacionalista deveria ser crime a ser pago com prisão perpétua se possível.

O que está por detrás deste tipo de comportamento? Será somente em função de questões de ordem objetiva, entre elas a de porta-voz de um discurso privatizante que levou Alckmin e uma derrota acachapante em 2006 e ao que tudo indica está levando Serra para o buraco? Sim, mas não somente isso. O Estado que querem construir no Brasil é tão fundamentalista do ponto de vista neoliberal quanto qualquer outro, deste tipo, existente no mundo contemporâneo. Querem a todo custo fazer a roda da história andar para trás, impedindo o processo de capitalização da Petrobras.

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Presidente nacional do partido Comunista do Brasil (PCdoB)

Fonte: Blog do Renato