Dirigente da VANGUARDA POPULAR REVOLUCIONÁRIA (VPR). Ex-sargento da marinha, participou junto com Carlos Lamarca e outros da Guerrilha no Vale do Ribeira (SP). José Raimundo era perseguido, não só por ser dirigente da VPR, como também por sua participação no movimento dos marinheiros de 1964. Morto aos 32 anos de idade, no Rio de Janeiro, em 05 de agosto de 1971, após ter sido preso e torturado no DOI-CODI/RJ. Respondeu a alguns processos e estava com prisão preventiva decretada pela 2ª Auditoria da 2ª Região Militar. Seu corpo foi encontrado em terreno baldio na Rua Otacílio Nunes, em frente ao nº80, no Bairro de Pilares (RJ) […] Em documento do arquivo do DOPS/RJ, o Comissário Jayme Nascimento, do citado órgão informou que às “7:00 horas pelo telefone, o Cel Sotero, Oficial de Permanência do CIE, comunicou que, em uma travessa próxima à Rua Otacílio Nunes, em Pilares, havia sido morto um elemento subversivo de nome José Raimundo da Costa, quando reagir à prisão numa diligência efetuada por elementos pertencentes ao Serviço de Segurança do Exército.” Inês Etienne Romeu, em seu Relatório sobre sua prisão na “Casa da Morte”, em Petrópolis, afirma que, em 04 de agosto de 1971, ouviu o torturador Laurindo informar aos torturadores, Dr. Bruno e Dr. César, que José Raimundo havia sido preso numa barreira. Posteriormente, outro torturador, Dr. Pepe, lhe disse que José Raimundo foi morto vinte e quatro horas após sua prisão, num “teatrinho” montado numa rua do Rio de Janeiro. O corpo de José Raimundo entrou no IML/RJ no mesmo dia de sua morte, pela Guia nº59, da 24ª D.P., com o nome de Odwaldo Clóvis da Silva, sendo necropsiado pelos Drs. Hygino de Carvalho Hércules e Ivan Nogueira Bastos, que confirmam a falsa versão oficial da repressão de que foi morto em tiroteio. […] Apesar de ser identificado, José Raimundo foi enterrado como indigente no Cemitério de Ricardo Albuquerque (RJ), em 09 de setembro de 1971, na cova 23.538, quadra 16. No livro de saída dos indigentes do IML, ao lado de seu nome, está manuscrita a palavra “Subversivo”. Em 01 de outubro de 1979 seus restos mortais foram transferidos para um ossário geral e, em 1980/1981, foram levados para a vala clandestina.

Fonte: Mortos e Desaparecidos