Está marcado para o próximo dia 22, às 19h, na Praça de Maio, um julgamento ético e político do maior conglomerado de comunicação da Argentina — o Grupo Clarín. A iniciativa é da Associação Mães da Praça de Maio com o objetivo de informar sobre a investigação que se está fazendo sobre o diário Clarín, a Rádio Mitre, o canal de TV a cabo TN, o Canal 13, a Cablevisión e a empresa que fabrica o papel para os jornais, a Papel Prensa. Todas as empresas fazem parte dos mais de 300 meios de comunicação e empreendimentos pertencentes ao Grupo.

O processo é simbólico e representa um pedido de liberdade de expressão, de espaço, de voz para defender a Lei de Meios, a liberdade sindical dos trabalhadores e pedir justiça, memória e igualdade, assinalou Hebe de Bonafini, presidente das Mães de Maio, em coletiva de imprensa na Universidade Popular das Mães.

“Vamos fazer um julgamento ético e político ao Grupo Clarín. Julgamento ao Grupo que rouba crianças, verdades e esperanças. Vão dizer que é caça às bruxas, vão dizer que é contra a liberdade de expressão, vão dizer que é uma escalada do governo, mas não é nada disso. É por nossa própria liberdade, a liberdade dos sem voz”, manifestou Hebe.

O julgamento terá a duração de duas horas com a participação de advogados, defensores, promotores, reclamantes e o povo como juiz. Para as Mães da Praça de Maio, o ideal seria que o julgamento fosse feito pela Justiça, contudo, como esta chega tarde, será o próprio povo que irá julgar e condenar o Grupo Clarín.

No momento, o julgamento será apenas contra este grupo de comunicação, pois, por ter cerca de 300 veículos no país a repercussão de suas notícias é grande.

“(…) dizem uma mentira no Clarín ou no Canal 13 e sai por todo o país. Então quando te difamam e arrastam pelo chão e te colocam como querem todo o país lê, escuta e vê isso que não é certo. E isso é o que queremos mostrar às mães, e o que queremos comparar. O que passavam e o que diziam. O que se diz e o que se passa”, explicou Hebe.

O julgamento ético e político marcado para o dia 22 não será o primeiro organizado pela Associação das Mães. Médicos vinculados a crimes da ditadura foram julgados publicamente, assim como aconteceu no ano passado com juízes e jornalistas.

Participarão do julgamento: trabalhadores despedidos do Clarín; a ex-ministra de Economia Felisa Miceli, o titular da Sindicatura Geral da Nação — Sigen, Daniel Reposo, entre outros. Caso não seja possível fazer o julgamento na Praça de Maio, em virtude do tempo, a atividade será transferida para o Espaço Cultural Nossos Filhos, que funciona na ex Escola de Mecânica da Armada (Esma).

Fonte: Adital