A mulher tem no Brasil, apesar de todo o nosso atraso e dos preconceitos burgueses e feudais com que procuram prendê-la exclusivamente ao lar e à cozinha, uma grande tradição de luta pela liberdade e pelos interesses do povo. Pelo seu espirito de iniciativa, pela sua combatividade, pelo ardor com que lutaram, as mulheres muito contribuíram para a grande vitória do povo brasileiro que impediu aos governos de Dutra e de Vargas enviar soldados e marinheiros do Brasil para a matança da Coréia. O Programa de nosso Partido tem em conta que a vitória da revolução não será possível sem a participação das grandes massas femininas, levanta com vigor e clareza todas as reivindicações da mulher, vítima de discriminação no terreno econômico, das desigualdades sociais e jurídicas, por vezes arrastada pela miséria à prostituição e que é, sem dúvida, quem mais sofre com a carestia da vida, com o abandono em que se encontra a infância e com as consequências sangrentas de uma guerra.

Para ganharmos, porém, as grandes massas femininas para a política do Partido é indispensável e urgente dedicar maior atenção ao trabalho dos comunistas entre as mulheres. O desprezo e a subestimação do trabalho entre as mulheres significam que esquecemos que a parte feminina da população representa importante reserva que deve ser ganha para a classe operária. É manifestação de oportunismo e indica que ainda estamos longe de eliminar em nossas fileiras os preconceitos burgueses a respeito da mulher. «A primeira tarefa do proletariado e de seu destacamento de vanguarda, o Partido Comunista — ensina Stálin — consiste em travar uma luta decisiva para libertar as mulheres, operárias e camponesas, da influência da burguesia, para educar politicamente e organizar as operárias e as camponesas sob a bandeira do proletariado». É dever, não apenas das Organizações de Base femininas, mas de todas as organizações do Partido incluir entre suas tarefas cotidianas e permanentes o trabalho entre as massas femininas, a fim de dirigir e orientar a luta das mulheres em defesa de seus direitos, em defesa da infância e da paz. Será esta a maneira de acabarmos com a deficiência de nossa atividade entre a mulher operária, seja a que diretamente trabalha na fábrica, seja a dona de casa, esposa, mãe ou filha de operário. Maior ainda é nosso atraso no sentido de despertar e mobilizar para a atividade política as mulheres camponesas que representam, no entanto, uma considerável massa oprimida e brutalmente explorada, que pode e deve ser ganha através da luta em defe&a de seus direitos e da paz, em defesa de seus filhos. É dever dos comunistas e das organizações do Partido levar a mulher operária aos sindicatos, organizar as camponesas, participar da atividade de todas as organizações de massas femininas, levantar tôdas as reivindicações imediatas das mulheres, apoiá-las em suas lutas, ter sempre em mira a necessidade de ganhar as mulheres e suas organizações para a frente democrática de libertação nacional.

Os comunistas e as organizações do Partido devem apoiar com o maior vigor e decisão a Federação de Mulheres do Brasil, participar ativamente de suas campanhas e não poupar esforços para assegurar às organizações da Federação de Mulheres do Brasil, além da maior amplitude possível, uma sólida base operária e camponesa, com raízes nas grandes fábricas e fazendas.