Neste dia 27 de maio, às 14h 55, parou de bater o coração de João Amazonas. Momentos depois, de todas as partes do país e do mundo, começaram a chegar mensagens de condolências e de enaltecimento de sua vida e de sua obra.

Trata-se, utilizando uma expressão do escritor Guimarães Rosa, de uma grande morte, pois faleceu uma liderança proletária, comunista que desempenhou importante papel nos principais momentos da história republicana de nosso país e que influenciou o movimento revolucionário e comunista mundial. A vida de João Amazonas está entrelaçada à história de sua principal obra e indestrutível legado: a construção do Partido Comunista do Brasil, PCdoB.

Nos últimos 40 anos João Amazonas foi o principal dirigente deste Partido – fundado em 1922, e que ao longo dos seus 80 anos de existência marcou a história brasileira com as suas lutas em defesa da democracia, da soberania nacional, dos direitos dos trabalhadores e pelo socialismo.

As belas bandeiras vermelhas da liberdade e do socialismo inclinam-se por todo o nosso país continental em honra a quem, desde a sua tenra juventude, dedicou dada um de seus dias à luta dos trabalhadores e à edificação do Partido Comunista do Brasil.

Foram 67 anos de militância; enfrentou prisões, exílio e privações de toda ordem, mas nunca se afastou um só instante das batalhas travadas pelo Partido e o povo. Num país onde a atividade política é usada pela maioria para promoção social e pessoal, Amazonas teve décadas e décadas de vida pública dedicada ao povo. Todavia, nasceu humilde e assim morreu. Seu nome é uma estampa que simboliza honra, coragem e coerência. Nos deixou aos 90 anos, feliz e consciente de que cumpriu a sua missão de militante comunista e destacado líder da jornada libertadora do povo brasileiro.

Seus méritos ressaltam-se nesse momento em que sua ausência nos enche o peito de sentimentos e os nossos olhos lacrimejam. O PCdoB não está órfão. As ideias de João Amazonas, seu trabalho, sua sabedoria, sua vida, nos legaram um partido que floresce que se expande, um partido respeitado pelo povo e pelas forças democráticas e populares; uma agremiação que usufrui o prestígio junto a dezenas e dezenas de partidos comunistas e revolucionários de todos os continentes.

Seu último desejo representa a essência de seus 90 anos: que as cinzas de seu corpo cremado sejam lançadas na região do Araguaia, nas selvas da Amazônia – onde houve a Guerrilha, importante capítulo da luta pela liberdade e democracia no Brasil. Em suas palavras, lavradas em carta por seu próprio punho, “para juntar-me aos que lá tombaram!”.

Quem construiu uma grande obra não desaparece. João Amazonas permanece, continua na páginas da história de nosso país; e em sua honra os comunistas brasileiros irão travar mais e mais combates até que o socialismo triunfe em nossa terra.

São Paulo, 27 de maio de 2002
Secretariado Nacional do Partido Comunista do Brasil, PCdoB