Camaradas:

Uma das tarefas mais difíceis e inadiáveis colocadas nos últimos tempos ante o Partido é a de fomentar a pecuária e aumentar a produção e o aprovisionamento de produtos pecuários. O Comitê Central do PCUS e o Governo elaboraram e estão pondo em prática um sistema de importantes medidas econômicas e organizativas para elevar o número de cabeças de gado e sua produtividade.

O Comitê Central do PCUS e o Governo soviético consideraram que é preciso aumentar o interesse material dos colcosianos no desenvolvimento da criação de gado. Aprovou-se e está sendo levado a cabo um vasto plano de mecanização dos trabalhos nesse ramo de construção de estábulos para gado. As organizações locais do Partido realizaram um trabalho considerável para reforçar com quadros os setores decisivos da produção pecuária.

Tudo isso não podia deixar de ter e teve, de fato, resultados favoráveis. Permiti-me que leia alguns dados característicos de nossa pecuária.

              

Nosso país tem imensas possibilidades na pecuária. Se empreendermos um persistente trabalho de organização nos colcoses e sovcoses, em um ou dois anos podemos alcançar resultados excepcionais. Tomemos, por exemplo, a criação de gado suíno. Como se pode ver pelos dados citados, nos dois primeiros anos do quinquênio o aumento do número de porcos foi muito insignificante. Mas, quando se tomaram medidas concretas para fomentar sua criação, o número de porcos aumentou verticalmente nos três últimos anos. Nos últimos quatro meses (de 1.º de outubro de 1955 a 1.º de fevereiro de 1956) os colcoses entregaram e venderam ao Estado 62% de porcos mais que nos mesmos quatro meses de 1954-1955. Os colcoses cevam agora mais porcos. Em 1.º de fevereiro deste ano, nos colcoses se cevava já três vezes e pouco mais porcos que em 1.º de fevereiro de 1955. Existem todas as razões para que o programa de incremento da produção pecuária seja cumprido com bom êxito.

Entre as medidas orientadas no sentido de fomentar a pecuária, têm particular importância as relativas ao aumento da produção de rações. A tarefa consiste em estender as semeaduras de ervas perenes, como, por exemplo, o trevo, a alfafa e outras, ao mesmo tempo que se aumenta a produção de cereais e se amplia ao máximo a de milho, que é o principal. É desnecessário dizer que, ao escolher as ervas perenes e sua mistura com cereais e leguminosas, e preciso ter em conta as condições climáticas e o terreno, para semear em cada zona os cultivos de mais rendimento. É preciso aumentar também as sementeiras de ervas anuais, por exemplo, da erva do sudão e do sorgo nas regiões meridionais, de mistura de alfarroba e aveia, sumamente valiosa para semear as terras lavradas pela primeira vez, nas regiões centrais.

Deve-se assinalar que alguns camaradas não têm uma atitude justa para com o cultivo de ervas. Há casos em que o trevo é substituído em zonas que o cultivavam tradicionalmente. Esta conduta contradiz as indicações do Partido. Na conhecida resolução do Pleno de fevereiro-março do CC do PCUS não se condenou o cultivo de ervas, mas sim a rotina no cultivo de ervas perenes, quando com elas se semeavam milhões de hectares em terras secas, conseguindo-se colheitas ínfimas. Ao mesmo tempo que se condenou categoricamente esta atitude rotineira, o Partido assinalou que em zonas onde as ervas perenes e anuais proporcionam altas colheitas deve-se semeá-las e aumentar a produção de feno.

É bom o dirigente que aproveita todas as possibilidades e assegura ao gado forragens próprias, tanto rações verdes quanto secas, necessárias para elevar verticalmente a produção pecuária. Entretanto, em nosso país há ainda dirigentes de colcoses e sovcoses que, em lugar de dedicar todas as forças a elevar a produção de forragem, continuam no caminho de viver à custa de outros e querem que o Estado lhes proporcione a maior quantidade possível de rações. E não são poucos, além desses, os que se aproveitam da rebaixa dos preços dos comestíveis para comprar nos armazéns pão, cereais e outros produtos e alimentar com eles o gado. Isso não é mais trabalho produtor, é especulação.

Eis aqui um fato. O presidente de um colcós das cercanias de Moscou organizou uma brigada de doze colcosianos para adquirir rações, dando aos mesmos dinheiro, sacos e um caminhão. Esta brigada não procura as rações nas terras do colcós, mas nos armazéns de Moscou. Compra trigo sarraceno, milho, cevada, farinha, levedura e outros artigos para as aves de criação e o gado.

Não se trata de um caso único. Com sua atividade, estes “comerciantes” causam grandes prejuízos, já que diminuem nossas possibilidades de fomentar a pecuária. Querem figurar entre os homens de vanguarda à custa dos demais, sem fazer grandes esforços. Como não recordar o personagem gogoliano Patsiuk, para cuja boca os pastéis se dirigiam por si mesmos? Na novela “Noite de Natal”, Gogol assim descreve este quadro:

“…Patsiuk abriu a boca, olhou os pastéis e abriu ainda mais a boca. Naquele momento um pastel saltou do prato, molhou-se no creme de leite, revolveu-se para um lado e outro, saltou e foi-lhe parar na boca. Patsiuk comeu-o, voltou a abrir a boca e outro pastel a ela se dirigiu da mesma maneira. Ele tinha unicamente o trabalho de mastigar e engolir”. (Animação na sala).
Isto ocorreu a Patsiuk em “Noite de Natal”, enquanto que alguns Patsiuks modernos querem que todos os dias lhes vão pastéis à boca e que ainda se lhes prestem homenagens.

É oportuno dizer, também, a esse respeito, que a semelhante “comércio” se dedicam em maior grau ainda uma parte dos colcosianos preguiçosos de colcoses suburbanos e algumas pessoas que não trabalham em lugar algum e vivem nos arredores das cidades. Compram nos armazéns pão e outros artigos, cevam com eles o gado e depois vendem os produtos pecuários no mercado a preços mais caros que nos armazéns. É preciso intensificar a luta contra os elementos especuladores que se valem da escassez temporária de certos produtos em algumas localidades, o que não permite satisfazer plenamente à população, e enriquecem à custa das pessoas honradas e do Estado.

Camaradas:

Nossa tarefa principal na criação de gado é elevar ao máximo a produção pecuária por cada 100 hectares de terra de plantio e pastagens. É necessário desenvolver, antes de tudo, a criação coletiva de gado, o que permitirá aumentar em grande medida as rendas dos colcoses, elevar o bem-estar dos colcosianos e assegurar um melhor abastecimento à população de carne, leite e outros víveres. Deve-se prestar particular atenção à melhoria da raça do gado, a aumentar o número de vacas no rebanho de gado bovino, a assegurar um incremento considerável da produtividade do gado leiteiro e a organizar a ceva de porcos, por ser uma base importantíssima para elevar rapidamente a obtenção de carne. Os trabalhadores agrícolas da região de Voronej tomaram uma excelente iniciativa ao contrair o compromisso de cumprir com antecipação a tarefa assinalada no projeto de diretivas para o VI Plano Quinquenal no que se refere ao aumento da produção de carne e leite, a saber: duplicar a produção de carne não em cinco anos, mas em um, e a de leite, em um ano e meio. Não há dúvida de que esta patriótica iniciativa dos voronejianos será secundada por outras regiões, territórios e repúblicas para cumprir em dois anos, ou em três no máximo, as tarefas fixadas no Sexto Plano Quinquenal quanto à produção dos principais produtos pecuários. (Prolongados aplausos.)

Convém desenvolver ao máximo a criação de ovelhas de lã de fio fino e médio e as destinadas à produção de lã comum, de carne e de peles para artigos de agasalho, a fim de dispor de mais tecidos de lã de boa qualidade, peles de astracan, boas peliças e botas de feltro.

É preciso que os colcoses e sovcoses tenham o máximo de galinhas, patos e gansos; é necessário fomentar a piscicultura nos tanques, lagos e represas e prestar a devida atenção à criação de coelhos e à apicultura.

Seria injusto, e inclusive pernicioso, imaginar-se que já vencemos todas as dificuldades do fomento à pecuária. Não, camaradas; os colcosianos, os trabalhadores das EMT e dos sovcoses e os especialistas agrícolas necessitarão ainda esforçar-se e trabalhar muito para elevar a pecuária a um nível que corresponda às necessidades crescentes do povo.