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    Comunicação

    O menino e o búfalo

    O menino e o búfalo Por diretas contas o que mais conta na Criaturada grande de Dalcídio é a criança largada em plena maré, ilhada no mundo dos Marajós Alfredo viajando à vela entre Cachoeira e outras vilas de faz de conta atravessando a baía para a Cidade e de volta para a Ilha… mil […]

    POR: José Varella

    O menino e o búfalo

    Por diretas contas o que mais conta na Criaturada grande de Dalcídio
    é a criança largada em plena maré, ilhada no mundo dos Marajós
    Alfredo viajando à vela entre Cachoeira e outras vilas de faz de conta
    atravessando a baía para a Cidade e de volta para a Ilha…
    mil e uma idas e voltas entre o chalé de “Chove“
    e o ginásio de “Primeira Manhã“…
    Andreza em fuga pelos campos na garupa de Edmundo montados no búfalo
    busca da infância perdida e dos confins da ilha grande infinita:
    o vasto mundo lá fora entre o Mar imenso e o grande Rio das amazonas.
    O búfalo paresque é a animalidade mãe a serviço da humanidade filha
    da dita cuja…
    Lao-Tsé diz-que nasceu velho e atravessou a fronteira da China para a Índia
    montado no lombo do paciente búfalo da nossa ancestralidade:
    quando o búfalo chegou ao Marajó a sabedoria de Lao-Tsé já havia chegado a pé
    pelo estreito de Behring paresque montado no conhecimento dos pajés…
    Dalcídio se fez eternamente menino na pele do alter-ego Alfredo
    jogando búzios e espantos com caroço de tucumã mágico
    dono do segredo do futuro escondido no fundo do rio.
    Estamos cegos de tanto ver o peso da paisagem
    emendar o real e o imaginário:
    a “nossa” Amazônia, a nossa varja, o nosso povo…
    mas os cabocos sabem que os brancos não sabem.
    Os brancos não sabem aquilo que é capital deste verde vagomundo
    também é certo que os negros da terra não sabem ler e escrever
    e no entanto esta gente sabe de cor e salteado
    o bem e o mal da “Terra sem males”,
    a riqueza e a pobreza da terra,
    alegria e tristeza da vida ribeirinha,
    o inverno e o verão na ditadura da água,
    o dia que nunca se acaba,
    a primeira noite do mundo,
    o começo dos tempos
    todas mais oscilações de preços na feira do Ver O Peso
    as variações da maré
    e tim tim por tim tim do Fim do Mundo.

     

     

      José Varella, Belém-PA (1937), autor dos ensaios “Novíssima Viagem Filosófica”, “Amazônia Latina e a terra sem mal” e “Breve história da amazônia marajoara”.

    autor dos ensaios “Novíssima Viagem Filosófica” e “Amazônia latina e a terra sem mal”, blog http://gentemarajoara.blogspot.com

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