Paul Krugman: Salvam os bancos e liquidam a União Européia
Milão – “A história toda começa a assemelhar-se a uma comédia: uma vez mais a economia está desabando, o desemprego está sendo inflado, os bancos estão a perigo, mas somente os bancos estão sendo salvos, não os desempregados. É surpreendente que os líderes europeus ainda, até no momento em que concordavam com o plano de salvação, sinalizavam, categoricamente, que não tinham a menor pretensão de modificar as políticas que enviaram um quarto do total dos trabalhadores espanhóis – e mais da metade dos jovens – ao desemprego”.
Com estas constatações configurou, recentemente, o economista e Prêmio Nobel de Economia Paul Krugman, em sua coluna no The New York Times, a recente decisão dos empoados líderes europeus de emprestar 100 bilhões de euros ao Governo da Espanha para salvar seus bancos que encontravam-se – e ao que tudo indica encontram-se, ainda – à beira de derrocada, motivada pelo estouro da gigantesca bolha no mercado de imóveis, bolha esta provocada pelas atividades desenvolvidas pelo mercado financeiro.
O famoso economista cauterizou este provocador – para o público – justo sentimento de correlação de extremo neoliberalismo para os muitos e generoso keynesianismo para os impérios do dinheiro. “Como interpreta-se esta salvação aquém e além do Atlântico, diante da catástrofe humanitária e econômica em evolução”, questiona-se, para fornecer, em seguida, a seguinte resposta: “É a mentalidade que julga que a dor econômica é compensada finalmente, é a mentalidade que um jornalista britânico denominou de sádico monetarismo”.
Diz-se que a salvação dos bancos da Espanha foi feita em condições totalmente provocadoras, em antítese, por exemplo, com o que aconteceu na Suécia, que enfrentou problema semelhante no início da década de 1970.
Embora o Estado tenha proporcionado hot money para salvar os bancos, não assumiu sequer o controle das instituições para utilizá-los como ferramenta de crescimento e incrementar a liquidez em uma economia congelada.
Em outras palavras, os políticos funcionaram como enfermeiras dos expertos banqueiros, impondo, aliás, aos seus povos doação obrigatória de sangue, com a frugalidade draconiana e os “acordos” que não têm outro objetivo a não ser salvar os bancos nacionais ou estrangeiros.
Sucursal da União Européia do Monitor Mercantil