Ministro pede a superação do modelo “sou feliz quando consumo”
“Se o carro faz o problema, a produção do veículo gera empregos. Devemos fomentar propostas”, diz Gilberto Carvalho
por Rafael Nardini — publicado 23/08/2013 12:54, última modificação 23/08/2013 14:06
 
Marcos Méndez / CartaCapital

O ministro chefe da Secretaria-Geral da presidência da República, Gilberto Carvalho, fala sobre as metas e modelos políticos e sociais brasileiros para obter um desenvolvimento eficiente no País
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O ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, defendeu nesta sexta-feira 23 a abertura de um diálogo efetivo entre governo, empresas e sociedade civil para a construção de novos parâmetros de desenvolvimento econômico e gestão das cidades. Segundo o ministro, com a mobilidade social promovida nos últimos anos para cerca de 40 milhões de brasileiros, novas contradições surgiram, tornando a vida nos grandes centros do país “impossível”.

“O modelo de que ‘sou feliz quando consumo’, de que ‘agora chegou a minha vez de ter uma geladeira, uma televisão, um carro, uma casa’ – e quem somos nós da classe média para coibir o consumo dessa gente? – acabou trazendo contradições. Todo o problema da mobilidade urbana, todo o problema do carro, em prejuízo do transporte coletivo, toda a questão dos resíduos sólidos, de infraestrutura, vão fazendo com que a nossa vida entre em choque com a saúde e com a razoabilidade da possibilidade de uma posse democrática de nossas cidades”, afirmou.

Para Carvalho, as manifestações que tomaram boa parte das grandes metrópoles do país em junho e julho não devem ser vistas apenas como um desejo pontual por saúde e educação, mas como um “grito definitivo” de que não dá mais para seguir com o mesmo modelo econômico. “Se o carro faz o problema, no entanto, a produção do veículo gera empregos, faz a economia girar, particularmente nesse período de crise internacional. Cabe ao governo o papel de fomentar propostas”. De acordo com ministro, o diálogo entre os setores da sociedade precisa vigorar, para que o desenvolvimento sustentável não seja apenas belas palavras, “que muitas vezes hipocritamente nos desculpam e nos desresponsabilizam”.

Em rápida entrevista após a palestra, o ministro citou ainda a emergência de uma possível “revolução cultural”, que deixe de lado padrões individualistas e reduzam o “consumismo exacerbado” da sociedade ocidental. Carvalho também rebateu as críticas da oposição sobre possíveis erros de gestão que teriam levado o governo ao atual impasse no modelo econômico. “Nós produzimos um processo de democratização do acesso aos bens que leva, contraditoriamente, a esse esgotamento. Nos governos anteriores não havia problemas nos aeroportos, no transporte coletivo, por haver uma enorme exclusão. Era muito fácil a vida. Apenas 50 milhões de brasileiros que tinham acesso aos bens”.