Vagner Freitas iniciou sua intervenção dizendo que não o Brasil não ficará incólume às marcas das manifestações de junho. Segundo ele, elas estabeleceram um traço no país, fato que pode ser avaliado positivamente. Para o presidente da CUT, um país sem mobilizações, que não tem o contraditório, a insatisfação, um país do conformismo, não é o que os trabalhadores pensaram e sonharam. Vagner Freitas avaliou que o inconformismo, o querer sempre mais, reivindicar para melhorar, faz parte da lógica de uma sociedade capitaneada pela vontade da classe trabalhadora.

Ele constatou que os últimos doze anos da história do Brasil foram auspiciosos para os trabalhadores, um período de importantes conquistas decorrentes das políticas adotadas pelos governos de Luis Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. Nesse período, afirmou Vagner Freitas, o Brasil caminhou no sentido de diminuir as diferenças sociais, mas a disputa de classes ficou mais forte. E para os trabalhadores persiste o ideal de construção de projetos distintos. Ele lembrou uma citação do prefeito paulistano Fernando Haddad segundo a qual a vida das pessoas melhorou da porta da casa para dentro. Da porta da casa para fora, ela continua insustentável.

Apesar das conquistas trabalhistas e sociais, o fundamental da base da estrutura do Estado não avançou um milímetro, avaliou Vagner Freitas. Não se transforma 500 anos de dominação em dez anos de soberania, afirmou. A classe trabalhadora brasileira não chegou ao poder, chegou ao governo, complementou. Para chegar ao poder existe uma distância extraordinária, constatou, para complementar com o alerta de que é preciso alargara a participação da classe trabalhadora para que ela tenha a possibilidade de chegar ao poder. Vagner Freitas fechou o raciocínio dizendo que os trabalhadores chegaram ao poder não por rompimento, mas com a construção de alianças.